Medicina Geral de Adultos I
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Vertigem posicional paroxística benigna

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Mensagem  Lídia de Souza Braz Dom Mar 25, 2012 8:44 pm

VERTIGEM POSICIONAL PAROXÍSTICA BENIGNA

Define-se como vertigem posicional paroxística benigna (VPPB) uma síndrome vestibular de origem periférica caracterizada por episódios curtos e intensos de vertigem, associados a nistagmos predominantemente horizonto-rotatórios, desencadeados pela mudança rápida da posição da cabeça. Além das características descritas, a sintomatologia da VPPB pode incluir desequilíbrio, sensação de “cabeça oca” e náusea. As crises são geralmente precipitadas por mudanças bruscas da posição cefálica, levantar-se da cama ou girar-se sobre si mesmo. A VPPB é uma das doenças mais comuns da orelha interna, sendo citada em literatura como responsável por aproximadamente 17% dos diagnósticos clínicos de tontura. Pode ser encontrada em todas as faixas etárias, aumenta com a idade e, nos casos idiopáticos, seu pico de incidência, está entre os 50 e 70 anos, apesar de fazer parte dos diagnósticos diferenciais de vertigem na infância. Em 50 a 70% dos casos a VPPB é idiopática ou primária, e a causa secundária mais comum é o trauma cranioencefálico que corresponde a 7 a 17% dos casos. A neuronite vestibular está associada a aproximadamente 15% dos casos e a Doença de Ménière está presente entre 0,5% e 31% das VPPBs. O curso clínico natural da VPPB é autolimitado e tem duração de semanas a meses, caracteristicamente não respondendo às medicações anti-vertiginosas. Predominância do sexo feminino.

Fonte: SIMOCELI, L.; BITTAR, R. S. M.; GRETERS, M. E. Restrições posturais não interferem nos resultados da manobra de reposição canalicular. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia, 71, 1, 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rboto/v71n1/a10v71n1.pdf>.

Pode ocorrer associada a condições como doença de Meniére, neurite vestibular, labirintite, migrânea, ou após trauma cefálico. Pode ser idiopática, ocorrer por disfunção hormonal ovariana, hiperlipidemia, hipo ou hiperglicemia, hiperinsulinismo, distúrbios vasculares e iatrogenia. O teste de Dix-Hallpike e as manobras terapêuticas são usados, respectivamente, no diagnóstico e tratamento da VPPB. A VPPB se apresenta em surtos curtos, porém intensos, cujo sintoma é a sensação de tontura giratória, desencadeada pela mudança brusca de posição da cabeça do paciente, de instalação súbita, iniciando após uma mudança de decúbito dorsal para vertical, ou ao virar para os lados. Após o primeiro episódio de vertigem, esta sensação pode aquietar e surgir em situações de mudanças de posição cefálica. Náuseas e vômitos podem acompanhar o quadro inicial. Entretanto, outros tipos de tontura podem estar associadas a este quadro e muitos casos apresentam história clínica atípica, relacionada ou não com mudanças na posição cefálica. Por este motivo, a investigação do nistagmo de posicionamento deve ser realizada sistematicamente, independente da história clínica. A vertigem desencadeada pela mudança de posição cefálica geralmente inicia após uma latência de alguns segundos, seguida por intenso, porém breve (5-10s) episódio de vertigem e nistagmo, com decréscimo nos sintomas ao assumir novamente a posição provocadora, ao que se chama fatigabilidade. A causa provável da VPPB é o deslocamento de pequenos cristais de carbonato de cálcio que flutuam pelo fluido da orelha interna e golpeiam os terminais nervosos sensíveis da cúpula, existentes no término de cada canal semicircular, as ampolas. Estes cristais, ou otocônias, normalmente se dissolvem ou saem do vestíbulo em poucas semanas, cessando os sintomas. Porém, em alguns pacientes, ficam enclausurados nas câmaras do equilíbrio e periodicamente causam sintomas. As otocônias soltas tendem a se depositar no canal semicircular posterior, uma vez que por sua posição espacial, ele teria a porção mais caudal de todo o sistema, servindo de ralo para os cristais. A VPPB é denominada objetiva quando há presença de nistagmo, observado na manobra de posicionamento Dix-Hallpike, enquanto a VPPB subjetiva é definida quando há vertigem sem a presença observável de nistagmo. A presença de nistagmo às provas de posição não é obrigatória para a definição de VPPB ou de suas variantes. Quando a vertigem está presente sem o nistagmo, a manobra deve ser considerada subjetivamente positiva, quando o nistagmo e a vertigem estão presentes, objetivamente positiva. À medida que os profissionais estejam atentos à forma atípica, mais pacientes podem ser beneficiados com tratamento adequado. A explicação para certos pacientes com VPPB que não apresentam nistagmo no teste de Dix-Hallpike é que o mesmo pode ter sido fatigado por repetição da posição pelo paciente na tentativa de habituá-lo. Outra possibilidade seria uma forma menos notória de cupulolitíase ou canalitíase na qual os sinais neurais são sufucientemente fortes para desencadear a vertigem, mas não para alcançar o limiar necessário de estímulo da via vestíbuloocular. Independentemente se o nistagmo está ou não presente, a alteração subjacente é a mesma, portanto, todos os pacientes com VPPB devem se beneficiar das manobras de reposicionamento. Entretanto, alguns autores desconsideram a forma atípica de VPPB, excluindo da amostra os pacientes que, mesmo referindo história típica, não apresentam
nistagmo posicional nas manobras. Os melhores meios de se fazer o diagnóstico desta condição são o exame físico e a história do
paciente. Um paciente com VPPB geralmente não apresenta queixas auditivas associadas ao quadro.

Fonte: MUNARO, G.; DA SILVEIRA, A. F. Avaliação vestibular na vertigem posicional paroxística benigna típica e atípica. Revista CEFAC, 11, 1, 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rcefac/v11s1/v11s1a12.pdf>.

Manobra de Dix-Hallpike: a cabeça do paciente é rodada 45° para o lado que se quer examinar e em seguida o paciente é rapidamente colocado em decúbito dorsal, permanecendo com a cabeça rodada e inclinada para trás.

Fonte: PEREIRA, C. B.; SCAFF, M. Vertigem de posicionamento paroxística benigna. Arquivo de Neuropsiquiatria, 59, 2001.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/anp/v59n2B/a31v592b.pdf>.

PRINCIPAIS ALTERAÇÕES ASSOCIADAS À VERTIGEM

- Problemas cervicais;
- Problemas cardiovasculares: efeitos secundários da hipertensão arterial sistêmica, por exemplo;
- Migrânea/Enxaqueca;
- Alterações metabólicas;
- Problemas hormonais;
- Distúrbios psíquicos;
- Medicamentos: antiinflamatórios não-hormonais, diuréticos, moderadores de apetite, anticoncepcionais, alguns antibióticos, com ação sobre o sistema nervoso, entre outros.

Fonte: TIENSOLI, L. O.; DO COUTO, E. R.; MITRE, E. I. Fatores associados à vertigem ou tontura em indivíduos com exame vestibular normal. Revista CEFAC, 6, 1, 2004. Disponível em: <http://www.ciape.org.br/matdidatico/anacristina/Tontura_3.pdf>.


Lídia de Souza Braz

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